sábado, 8 de fevereiro de 2014

AS VENTOINHAS




AS VENTOINHAS

1863

 
Com seus olhos vaganaus,

Bons de dar, bons de tolher.

SÁ DE MIRANDA

A mulher é um cata-vento,

Vai ao vento,

Vai ao vento que soprar;

Como vai também ao vento

Turbulento,

Turbulento e incerto o mar.

Sopra o sul; a ventoinha

Volta asinha,



Volta asinha para o sul;

Vem taful; a cabecinha

Volta asinha,

Volta asinha ao meu taful.

Quem lhe puser confiança,

De esperança,

De esperança mal está;

Nem desta sorte a esperança

Confiança,

Confiança nos dará.

Valera o mesmo na areia

Rija ameia,

Rija ameia construir;

Chega o mar e vai a ameia

Com a areia,

Com a areia confundir.

Ouço dizer de umas fadas

Que abraçadas,

Que abraçadas como irmãs,

Caçam almas descuidadas...

Ah! que fadas!

Ah que fadas tão vilãs!

Pois, como essas das baladas,

Umas fadas,

Umas fadas dentre nós,

Caçam, como nas baladas;

E são fadas,

E são fadas de alma e voz.

É que — como o cata-vento,

Vão ao vento,

Vão ao vento que lhes der;

Cedem três cousas ao vento:

Cata-vento,

Cata-vento, água e mulher.

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