sábado, 8 de fevereiro de 2014

AS ROSAS


AS ROSAS
 


A Caetano Filgueiras

Rosas que desabrochais,

Como os primeiros amores,

Aos suaves resplendores

Matinais;

Em vão ostentais, em vão,

A vossa graça suprema;

De pouco vale; é o diadema

Da ilusão.

Em vão encheis de aroma o ar da tarde;

Em vão abris o seio úmido e fresco

Do sol nascente aos beijos amorosos;

Em vão ornais a fronte à meiga virgem;

Em vão, como penhor de puro afeto,

Como um elo das almas,

Passais do seio amante ao seio amante;

Lá bate a hora infausta

Em que é força morrer; as folhas lindas

Perdem o viço da manhã primeira,

As graças e o perfume.

Rosas, que sois então? — Restos perdidos,

Folhas mortas que o tempo esquece, e espalha

Brisa do inverno ou mão indiferente.

Tal é o vosso destino,

Ó filhas da natureza;

Em que vos pese à beleza,

Pereceis;

Mas, não... Se a mão de um poeta

Vos cultiva agora, ó rosas,

Mais vivas, mais jubilosas,

Floresceis.

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